quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sábia ignorância

Publicado em Março de 2009.

            Ou seria a ignorância enquanto sabedoria? Não importa, a ordem dos fatores não altera o produto.
            Tempos modernos, globalização, tecnologias avançadas, evolução. Na busca da qualificação e da adaptação a esse mundo, vivemos em uma eterna reciclagem. Passando pela leitura do manual de instruções do novo microondas, estudo de línguas estrangeiras até o pós-doutorado na área de interesse. Isso! Aprofundar-se em uma determinada área de conhecimento e apenas tomar idéia superficial de outras informações para lidar no dia-a-dia. Mas já não nos satisfazemos com tão pouco.  Queremos saber como o microondas funciona, por que é possível cair dois raios no mesmo lugar, quais os sintomas e conseqüências de todas as doenças, dentre outras culturas inúteis. E de preferência, tudo ao mesmo tempo, de forma rápida, fácil e  prática. A própria sociedade nos exige tal postura.
            Com tantos veículos de comunicação à disposição, prontos para nos encher de informações a respeito de absolutamente tudo, com riqueza de detalhes, por que ficar de fora? O que deixar para internet e suas tentadoras páginas de busca? Uma palavra solta e pronto!
            Nessa sede por conhecimento ficamos sabendo demais. Quando falo em “demais” me refiro a informações nem sempre tão certas, a questões que acabam desencontradas e que a nós não acrescentam, pelo menos não como deveriam. Febre alta e dor no estômago em um conhecido site de busca lhe oferecerá aproximadamente 18.300 sugestões de pesquisa. Vá direto ao especialista antes de colocar “minhocas na cabeça”! O eterno cuidado com tudo que se lê e ouve. A síntese, a conclusão, nem sempre é verdadeira e quase sempre incompleta.
            Não pretendo ditar regras e sair gritando que devemos viver alienados do mundo. Quando surgir interesse vá atrás, mas mantenha o foco e analise as fontes. Só defendo que uma certa dose de ignorância não faz mal a ninguém.
            A sabedoria está em quem tem sensibilidade suficiente para aprender um pouco de tudo na delicadeza e na crueldade do cotidiano. A gente sofre menos, nos “pré - ocupamos” menos, nos livramos de sofrimentos desnecessários, na maioria das vezes. Geralmente vivemos em constante temor ao futuro, nos diversos setores da vida, por passarmos a maior parte do tempo analisando expectativas, possibilidades.
            Já reparou a alegria inocente das crianças, que do mundo ainda sabem tão pouco? Já reparou o sorriso sincero de gente tão humilde, que aos estudos não tiveram acesso e, que a cada amanhecer tem que batalhar a sobrevivência do dia, mas nem por isso perdem a satisfação de viver? A essa ignorância que me refiro, que cá entre nós dessa palavra feia não carregam nada, pelo contrário, torna-os sabiamente mais felizes que muitos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tim Tim

Continuo postando os textos na ordem que foram publicados, quando veiculados na Revista Trilhas. Esse é de Dezembro de 2008. 

Está aberta a temporada de festas de final de ano!
Com o Natal se aproximando, a corrida para compra de presentes começa. Reuniões de final de ano com amigo-secreto no escritório, no grupo de amigos, na família. O que comprar, para quem comprar (e cuidado, não esqueça de ninguém!), são questões corriqueiras dessa época do ano. Quando a frenética corrida pelos presentes acaba, inicia-se outra: organizar a festa com todo requinte que a tradição exige.
            A magia do Natal parece perdida no tempo. Arrumar a casa para a tão esperada data (sempre tão distante, hoje cada vez mais próxima) era motivo de euforia, hoje não mais do que um simples costume. Éramos mais conscientes do significado religioso da data, e o Natal significava “Nascimento, Renovação”. Com a proximidade do dia 25 de dezembro, os parentes iam chegando ou a gente partindo ao encontro deles. Todo mundo junto!  Hoje, por diferentes motivos, o vai-e-vem é mais restrito, alguns vão se acomodando, já não são todos que participam. Reunidos na noite de véspera, a dúvida se iremos cear e/ou trocar presentes antes da meia-noite. Criança na família? Têm direito a Papai Noel de verdade! Peru, arroz-à-grega, farofa, frutas, champanhe e outras especiarias que só se comem nessa época, decoram a mesa em uma combinação meio estranha. E depois de passar um dia inteiro com a casa cheirando a boa comida, na hora do bem bom geralmente já está tudo frio. Xuxa e Roberto Carlos em especial na TV acabam embalando a noite, mesmo quando esquecidos no fundo da sala. Contagem regressiva, meia-noite: Feliz Natal!!
Nem bem recuperados da noite de Natal, é chegado o Réveillon.  Vestidos de branco, ou cores que nesta noite ganham um significado próprio, o ritual de arrumar a casa e reunir o pessoal tende a se repetir. Dessa vez o destaque se volta para a lentilha, de novo a champanhe, simpatias, promessas, fogos, desejos. Resgatando nossas esperanças, projetos, metas e sonhos, “... que tudo se realize no ano que vai nascer...”
Independente de qualquer coisa, nessas datas somos destinados a estar felizes, alegres e satisfeitos. Infelizmente, esses são sentimentos que não vêm acoplados a um botãozinho ou encapsulados em uma pílula mágica, e então nem todos os anos é assim.
Que tal felicidade imposta é essa?!  Em que todos nós, nos últimos dias de dezembro devemos estar livres de qualquer sentimento de decepção ou tristeza? Muitas vezes tivemos um ano cheio de frustrações e ainda estamos passando por tanta coisa difícil nessa época do ano que a nostalgia da lembrança dos momentos mais alegres acaba tomando conta de nós. E é nesse clima de contradição que ainda devemos organizar a festa, a ceia, a viagem e tudo mais. Haja coração!
Que tal um final de ano diferente? Resgatando o real sentido da data. Porque esperar 25 ou 31 de dezembro para reunir toda a família e/ou aqueles que queremos bem? Porque não chamar todos a cada momento feliz de nossas vidas, a cada conquista, e tornar inesquecível diferentes datas durante um mesmo ano? Porque não presentear (por mais simples que seja o gesto), alguém que amamos, sem data especial? É muito mais representativo!
Que tal a renovação de um ano a cada dia? Com novos planos, com novas mudanças, sejam elas simples, como um novo corte de cabelo, mudar os móveis de lugar. Limpar os velhos ressentimentos enchendo nossas vidas de novos sentimentos, organizar as gavetas, desfazer-se das velhas roupas, dos maus costumes. Afinal de contas, o verão esta aí, com seus dias mais longos e ensolarados (para a maioria, acompanhados de merecidas férias), pronto para servir de cenário de bons momentos, nos oferecendo oportunidades infinitas de fazer acontecer e sermos realmente muito felizes.
            Vamos começar agora?!
Hoje, neste momento, independente de data, horário ou circunstância especial, eu te proponho um brinde! Um brinde pelas tuas conquistas em 2008, um brinde às velhas e novas amizades, ao amor, à família, à saúde de todos nós! Um brinde às escolhas certas, e também às erradas, que nos acrescentaram tanto e nos ensinaram a escolher! Um brinde à perspectiva de um excelente 2009! Até lá!

Para dar uma atualizadinha: Um brinde a 2010 e a perspectiva de um excelente 2011!