terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ê saudade!

Possuímos memória, logo sentimos saudade.
Saudade = 1. Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoa ou coisa distante ou extinta. 2. Pesar pela ausência de alguém que nos é querido. (fonte: dicionário Aurélio)
Basta um cheiro, um lugar, uma música, lá vem a nostalgia. Não, não me refiro  só aquela parte que nos aperta o peito tristemente pela ausência,  verbos que insistem em ser conjugados no passado. Me refiro, e muito, as boas lembranças. São delas que realmente sinto saudade.
Saudade de um tempo, de um lugar, de um momento, de gente. Sentimento que faz brotar sorriso no rosto assim simplesmente.
Saudade de poder ter por perto, de ter acesso, de poder olhar, cheirar, degustar. Dar aquele abraço e pedir um bom conselho. Uma conversa solta, sem retalhos nem frescuras, talvez algumas lágrimas e muita risada.
Hoje eu queria saber de tanta gente e de alguns lugares. Saber o que mudou e o que continua igual, conhecer o que as novas experiências de vida acrescentaram, tiraram ou modificaram. Junto carrego a esperança de durante esse processo identificar a essência, a parte que não muda, e que torna cada lugar, cada ser humano insubstituível, reconhecendo assim os motivos que inflam minha saudade.
Situações, manias, detalhes que remetem a pessoas especiais por algum motivo.
Queria também fazer perguntas, tantas perguntas sobre esse tempo. Saudade e tempo, esses correm juntos.
Estranha é a saudade da parte que nem recebia importância, passava despercebido e a gente nem dava bola, mas que hoje torna pessoas e momentos únicos e do nada parecem ter recebido tanto valor. Quem diria tanta coisa, quem diria que seria assim desse jeito.
Vontade de redescobrir meus especiais, que por circunstâncias da vida e até mesmo com essa história de um dia virar adulto, cheio de compromissos e responsabilidades acabam se afastando, mas que nos fazem falta.
Queria saber se a sala do apartamento em que vivi até meus três anos era realmente tão grande quanto as minhas lembranças, tanta coisa parecia enorme naquele tempo, que hoje tenho uma leve desconfiança que não seja como o que ficou registrado na minha memória. O barulho dos carros de corrida na TV nas manhãs de domingo, naquela sala parecia ter outra vibração. As férias com toda a família apertada no carro em verões pelas praias de SC. Pastéis de queijo e Fanta depois de demoradas tardes de banhos de piscina no clube tinham um gosto único.  Tempo de faculdade, bons anos, queria tudo de novo exatamente como foi, com as mesmas pessoas à volta, fazendo tudo igual.
Acho que é por isso que gosto tanto de fotografias. Uma forma de eternizar momentos. É como se pudéssemos ter mais acesso, está todo mundo ali do mesmo jeito que foi, envolvidos por aquele cenário, por aquele clima e sentimento.  Nos “tele transportamos”, tornando o passado um pouco mais presente.
A saudade acaba brotando de momentos e de pessoas que por algum instante nos despertaram bons sentimentos, nos proporcionaram momentos felizes, mas na angustiante busca de um auge utópico de plena felicidade acabamos deixando passar despercebido. Enquanto a felicidade estava bem ali, ao nosso redor, nas coisas mais simples. Como estão agora, em outras formas, “olha e vê”.
Guarda teus melhores momentos na gavetinha interior, o que não for bom deleta, joga fora. Faz com que tua saudade só te desperte a gostosa brisa de sorrisos.


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