sábado, 9 de outubro de 2010

O pé torto do chinelo velho

Publicado em Junho de 2008 na Revista Trilhas.



          E viva as diferenças, diversidades e coincidências da vida! Na hora que o “tum tum” bate mais forte vale qualquer justificativa para tal sentimento. Os opostos que se atraem, as coincidências que surgiram, o sorriso maroto, o olhar misterioso, o jeito que ela mexe no cabelo quando perde o próprio jeito, a forma que ele mexe as sobrancelhas enquanto conta as histórias mais fascinantes (sim, porque tudo que ele faz e fala é perfeito), assim por diante.
Detalhes que passariam batido, e que para os demais não fazem a menor diferença (as vezes nem sentido), mas que para os “flechados” torna a vida ainda mais colorida. Justificativas as quais se tornam desnecessárias, a paixão existe e pronto. Nãooo! Não é bem assim, ele é o homem da minha vida e ela a mulher perfeita, e como não passar horas e horas divagando sobre esses seres quase sobre naturais. Que mesmo para os defeitos existe as mais elaboradas teses de compensação.
A idade para tal sensação não importa, claro, cada um reage de uma maneira, mas a euforia desmascara qualquer cidadão mais recatado.
O ser humano é incrível, muda de opinião e veste personalidades quantas vezes for necessário, para que suas ações e reações mantenham uma certa lógica. Como se precisássemos justificar nossos sentimentos para o mundo, a todo instante, e a contradição não pudesse existir de maneira alguma. Ai, que sem graça seríamos, pessoas totalmente previsíveis, sem expectativas ou surpresas. E daí surgem as comunidades no orkut, com milhares de adeptos: “Cadê seu manual de instruções?”; “O que as mulheres querem?”; “Homens: quem os entende?”.  Todos tentando se compreender um pouco mais e adivinhar onde fica o tal ponto G ... da questão!
A realidade é que os tempos evoluiram e com ele as relações mudaram, e mesmo sem ter vivido aqueles anos, como acho falta do velho romantismo.
Com o passar dos tempos veio a então igualdade sexual, onde tudo pode. Sim, elas botaram as manguinhas de fora e foram a luta por seus objetivos sentimentais e/ou carnais. Lindo! Se a forma não fosse tão agressiva e até meio competitiva as atitudes masculinas. O que de certa forma vem se tornando bastante confortável para eles. Claro que não podemos generalizar, apenas chamo atenção de forma reflexiva para uma geração ainda em formação.
         Passada a fase da paixonite aguda, e do mutuo conhecimento, onde os laços são estreitados, a intimidade se cria e a afetividade amadurece, compartilhando dos mesmos princípios para uma relação estável, evoluímos para o namoro. Isso quando existe reciprocidade das duas partes, é bom deixar claro. Esse caminho pode ser longo. Possivelmente surgirão os carinhosos apelidos, palavras em dialeto infantil e no diminutivo, cuja criatividade a gente deixa para a privacidade mais íntima dos casais.
 Uma etapa mais tranqüila, quando o outro(a) já foi conquistado(a) e então o casal começa a se relacionar com os amigos e a família do(a) parceiro(a). Compartilhar planos, sonhos, alegrias e também tristezas, alguém com quem contar de forma mais especial, um(a) parceiro(a) de vida (eterno, enquanto dure!). Não esquecendo da necessária reconquista diária, regada a pequenos agrados. Haverão divergências, normais em qualquer relacionamento humano, porém a forma e a importância a essas questões é que irão ditar o rumo dessa relação.
As diferenças foram superadas, ou melhor, aprenderam a lidar com estas e o amor prevaleceu, relacionamento ainda mais maduro e então novos planos, morar juntos, casar?! Se o mundo conspira a favor, por que não?! Casar no civil, no religioso, sim, festejar tal ápice de felicidade por ter encontrado uma pessoa especial, a quem já se pode intitular como a outra metade da laranja, alma gêmea ou cara-metade, disposta a dar e receber amor sincero. Celebre! Celebre a felicidade do presente, sem que seja preciso planeja-la para futuros incertos e tão distantes.
Felizmente o amor não vem com manual de instruções. Não é razão, é emoção, feita para sentir, não para pensar. Surge, acontece e toma conta. Mas não é pra qualquer um dispertar tal sentimento com intensidade. Não adianta procurar o amor na então dita perfeição, se na realidade são as pequenas imperfeições que acabam nos atraindo, é o diferencial. Aquilo que distingue uma pessoa da outra, sejam essas características físicas e/ou de personalidade, alimentada por uma química. E aí eu volto para a idéia do título, sempre existe um “chinelo velho para um pé torto!” O que seriam das loiras se todos gostassem das morenas? O que seria dos baixinhos, se todas preferissem os altos? Ainda bem que existe os altos, os baixos, os gordinhos, os magrinhos, os CDF, os malucos, os marrentos, os palhaços, e aqueles que também adoram bife de fígado, manga e dobradinha (argh!).
Encontros e desencontros. Chegadas e partidas. Casos e acasos. Destinos e escolhas. As coisas acabam acontecendo ao seu tempo, no tempo certo.
                                                          
                                                                       
























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